sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Há um desquite que a metáfora não alcança


nessa cidade de mais de dois milhões de frustrados, sou um deles e a gente sabe que cada janela pode dar para uma praça que dá para toda a solidão do mundo...
(penso em entender que minha gota de bile, minha careta de gozo ou de dor no escuro são indiferentes)
criam-se forças para arrumar protestos, organizam-se bases esperando, esperando melhor.
desligo todos os canais: meus veículos de informação não te avisam de um momento de febre que é minha máxima felicidade.
passo para tras essa história de controles
quero uma tv de plasma, uma realidade plana mesmo.

Esses desertos, morena, que disfarçam o solo


foi esse azul que você tem sobre a cabeça
o tom claro das suas costas
e essa tua voz que não sai,
teus movimentos de vida e morte
e porque gosta de umbu.
e foi quando você ficou muda que eu enlouqueci
e metade de tudo ficou perdido e suspenso pela sala-quarto-cozinha do meu caminho.
depois apareceram as rodas, os cavalos, os navios negreiros: esses barcos.
resta arrumar a mala ou qualquer parábola a respeito disto.
mas a gente vai levando, a gente vai levando
(não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar)